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    Exagerei na comida. Preciso fazer uma dieta detox?

    Mudar a alimentação de forma radical não tem nenhum efeito prático

    Por Danielle SanchesPublicado em 25/04/2022, às 19:27 - Atualizado em 25/05/2023, às 13:37
    Foto: Shutterstock

    O ciclo é vicioso e nada eficiente: depois de cada fase de exagero na comida, você corta drasticamente as calorias diárias e investe em alguma bebida ou comida para desintoxicar o organismo. Há uma série de opções no mercado que levam o nome “detox“. 

    Mas o que geralmente acontece é que, ao invés de perder peso e mantê-lo no médio prazo, você só perde dinheiro.

    Isso porque não existem evidências científicas que mostrem que essa restrição ajuda o corpo a se recuperar do excesso de comida. Pior: a estratégia pode dar errado (e, geralmente, dá) e você acaba ganhando peso no longo prazo. 

    É o que descobriram pesquisadores americanos da Universidade Louisville, que publicaram uma revisão após analisarem uma série de estudos sobre dietas detox e perda de peso. 

    Eles notaram que os praticantes desse tipo de alimentação perdem peso pela redução drástica na ingestão de calorias; no entanto, ocorre um aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse; o que, no longo prazo, provoca no organismo uma necessidade de compensação que comumente é suprida com mais comida. 

    Desintoxicar para quê?

    O conceito por trás das dietas detox é aumentar o consumo de alimentos saudáveis para eliminar o excesso de toxinas ingerido após uma refeição cheia de gorduras e açúcares. Mas essa premissa não faz sentido. 

    Retirar as impurezas e filtrar as toxinas do nosso corpo é um processo feito pelo nosso fígado diariamente. Qualquer pessoa saudável, com um fígado que funciona bem, vai realizar esse processo normalmente.

    E o que dizer de quem jura de pé junto que se sente melhor e até mais disposto depois de passar por essa “desintoxicação”? Esse efeito não tem nada de milagroso e acontece porque a pessoa vai ingerir mais água e alimentos frescos e não vai consumir bebidas alcoólicas e alimentos processados; itens que, em geral, provocam mal-estar, constipação e sensação de inchaço. 

    Qual a melhor forma de se recuperar do exagero alimentar?

    A melhor forma de se recuperar é voltar para a rotina alimentar do dia a dia, mantendo a ingestão de água e o consumo de legumes e verduras.

    Os excessos não devem ser vistos como algo ruim quando acontecem de forma esporádica, ou seja, em uma ou duas refeições durante o fim de semana, por exemplo. No saldo final do mês, não são esses momentos que farão grande diferença no processo de emagrecimento. 

    Na verdade, é justamente o equilíbrio entre dieta saudável e alimentação “livre” que oferece mais chances de sucesso na manutenção de bons hábitos ao longo da vida. Isso porque as restrições levam à compulsão alimentar e a tendência é que a pessoa abandone o plano alimentar no meio do processo.

    Foto: Shutterstock

    Quando devo procurar ajuda?

    Se os excessos na alimentação começam a virar rotina, é preciso identificar o problema e investir em formas de lidar com ele.

    Quando o exagero ocorre com frequência e tem fundo emocional, com a pessoa descontando a ansiedade na comida, é preciso investigar e entender o que está acontecendo.

    Isso porque esse descontrole diante da comida pode interferir negativamente na saúde, favorecendo o ganho de peso e outros problemas, como obesidade e diabetes. 

    Nesses casos, é fundamental consultar um profissional especializado na área como  endocrinologista, nutricionista e psicólogo.

    Fontes: Fernanda Barbosa, nutricionista e pós-graduanda em fitoterapia pela VP Nutrição funcional e especialista da Care Club Itaim, em São Paulo; Isabella Carmona, nutricionista da Clínica NutriCilla, São Paulo; Maiara Souza, especialista em nutrição esportiva pela UCAM (Universidade Cândido Mendes) e nutricionista do Art Beauty Center de Uberaba (MG); Mariana Silva Melendez, doutoranda pela UnB (Universidade de Brasília) e nutricionista do ambulatório de cirurgia bariátrica e preceptora do programa de residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso da Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal.

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