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    Pré-natal: quais exames a gestante deve fazer?

    Análises clínicas e laboratoriais são indicadas para garantir a saúde da mãe e do bebê

    Por Danielle SanchesPublicado em 15/08/2022, às 17:30 - Atualizado em 25/05/2023, às 19:25
    Foto: Shutterstock

    Os dois risquinhos apareceram e o exame de gravidez deu positivo. Se esse for o seu caso, saiba que, a partir de agora, é necessário tomar alguns cuidados com a saúde para garantir que você e o seu bebê fiquem bem até a hora do parto – e vamos falar deles hoje, neste 15 de agosto, data em que se comemora o Dia da Gestante.

    Parte dos cuidados inclui os exames pré-natais, uma série de análises que devem ser realizadas durante o período de gestação a fim de evitar complicações que podem comprometer a saúde e o bem-estar de mãe e bebê.

    “Esse acompanhamento, que inclui as consultas com o médico, aumenta as chances de uma gravidez sem riscos para a saúde da mulher e do bebê”,  afirma Daniela Selano, coordenadora da Maternidade do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) e do CHN Mulher, no Rio de Janeiro.

    Os exames do pré-natal auxiliam, por exemplo, na detecção precoce de doenças ou complicações podem ser transmitidas de mãe para filho tanto durante a gravidez como na hora parto, caso não sejam tratadas antes.

    E isso vale tanto para as mulheres portadoras de alguma condição como as que ainda vão descobrir durante a gestação. “Por isso, falamos que o pré-natal tem caráter preventivo e deve ser feito por todas as grávidas”, afirma Ricardo Porto, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí e membro da Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

    A ideia, de acordo com o especialista, é identificar possíveis problemas e evitar que eles evoluam para algo pior – ou seja, uma vez identificados, é possível tratar para evitar o risco de perder o bebê ou ter algum desfecho negativo para a mulher.

    Quando começar o pré-natal?

    A resposta pode parecer óbvia, mas não é. No mundo ideal, o pré-natal deveria ser iniciado antes de engravidar, ainda na fase de planejamento da gravidez.

    É nessa fase que algumas pesquisas clínicas podem ser feitas para detectar doenças que podem provocar complicações mais graves, como rubéola e citomegalovírus. As duas doenças são conhecidas por causarem impacto negativo na formação do feto.

    Por outro lado, sabemos que isso nem sempre é possível de acontecer. Por isso, o pré-natal deve ser iniciado a partir da descoberta da gestação – o que pode ocorrer a qualquer momento durante a gravidez.

    Arte: Andrea Petkevicius

    Cadê o ultrassom que estava aqui?

    Por incrível que pareça, o costume de se fazer um ultrassom por mês para acompanhar o desenvolvimento fetal não é comum fora do Brasil. “Lá fora se faz muito menos do que aqui”, afirma a ginecologista e obstetra Joice Armelin, de São Paulo.

    Isso porque, ela explica, são três os ultrassons fundamentais durante a gestação:

    • O que é realizado com 8 semanas para datar corretamente a gestação e determinar com segurança a idade fetal;
    • O primeiro ultrassom morfológico, realizado entre 11 e 12 semanas, que rastreia o risco de alterações cromossômicas no bebê;
    • O ultrassom morfológico de segundo trimestre, feito entre 20 e 24 semanas, que analisa as estruturas do bebê – os órgãos, a quantidade de dedinhos e por aí vai.

    O restante, explica a médica, acaba medindo apenas o crescimento do bebê e a quantidade de líquido amniótico. “Em gestações de baixo risco, em que outros exames estão normais, essa repetição em maior número não é necessária”, diz a especialista.

    Por que repetir exames?

    Como você vai perceber, muitos exames podem ser repetidos nos três trimestres. Isso ocorre porque é importante saber se a gestante não desenvolveu a doença no decorrer da gravidez.

    Uma infecção urinária, por exemplo, pode aparecer a qualquer momento sem que a mulher note os sintomas, o que aumenta o risco para um parto prematuro, explica Armelin.

    + Saiba mais: A Saúde integral da mulher e o cuidado durante a gestação

    Anemia, diabetes gestacional, deficiência de hormônio tiroidiano, pré-eclâmpsia e até ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) também são problemas que podem surgir no decorrer da gestação e que devem ser tratados o quanto antes para garantir a saúde da mulher e do bebê.

    Exames genéticos: quem deve fazer?

    Foto: Shutterstock

    Não são todas as gestantes que precisam ou têm condições de fazer análises genéticas para detectar possíveis malformações no feto. No entanto, sempre que for possível e quando for recomendado pelo médico, a mulher deve, sim, realizar esse tipo de exame, considerado complementar.

    Um dos exames mais usados atualmente é o NIPT, sigla que quer dizer “non-invasive prenatal testing”, ou “teste pré-natal não-invasivo”, em tradução livre.

    “A ideia é que, a partir de uma amostra de sangue comum da mãe, seja possível avaliar os riscos que o bebê tem de apresentar alguma anomalia em seu DNA”, afirma Ciro Martinhago, head de reprodução humana e medicina fetal da Dasa Genômica. 

    Para conhecer melhor o NIPT, clique aqui.

    A orientação é que o exame, que tem mais de 90% de precisão, seja realizado após recomendação do obstetra. Ele também deve ser o responsável pela leitura do resultado, já que é necessário interpretar os dados de forma realista e com base no histórico de vida da gestante – como idade e casos de malformação na família.

    Por ser invasivo, a aminiocentese tem um risco de aborto. Por isso, a decisão sobre realizar ou não o procedimento é feita em conjunto entre o casal (ou só a mulher, se for mãe solo) e seu médico.

    Além do NIPT, outra opção que pode ser requisitada pelo médico responsável é o chamado rastreio bioquímico de primeiro trimestre, feito entre a 9ª e 13ª semanas. O exame mede os níveis de hCG, estriol não conjugado e alfa-feto proteína, substâncias que podem indicar se o feto possui risco aumentado de ter alguma síndrome genética (como a Síndrome de Down).

    + Saiba mais: Saúde em uma gota de sangue

    De acordo com Joice Armelin, o rastreio também pode ajudar a detectar restrição de crescimento do bebê e um risco aumentado para pré-eclâmpsia antes da 34ª semana de gestação.

    O rastreio bioquímico também pode ser recomendado para oferecer mais informações após o ultrassom com a medida da translucência nucal do bebê — ou seja, a imagem de ultrassom com a quantidade de fluido sob a pele atrás do pescoço fetal no primeiro trimestre da gravidez.

    “O exame de translucência nucal é um rastreamento morfológico de primeiro trimestre que serve para detectar alterações cromossômicas e até mesmo avaliar o risco de doenças nas gestantes”, explica Juliana Rezende, obstetra da Maternidade Brasília.

    Pré-natal e saúde mental da gestante

    O acompanhamento médico da gestante até o parto também é importante por outro motivo: a saúde mental da mulher durante a gravidez.

    Dados da American Psychiatric Association estimam que entre 10% e 20% das mães terão depressão pós-parto, uma doença que, de acordo com a entidade, começou ainda na gravidez para 50% dessas mulheres.

    Por isso, o pré-natal também é o momento em que o obstetra pode conversar com a mulher e detectar se existe alguma angústia ou algum problema psicológico que precisa de atenção durante esse período.

    “Nesses casos, recomendamos que o pré-natal seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar para apoiar a mulher em todas as frentes possíveis”, explica Porto.

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