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    Por que dose da vacina infantil é diferente?

    Dosagem é definida em estudos para que o sistema imunológico tenha o estímulo correto

    Por Danielle SanchesPublicado em 22/04/2022, às 15:19 - Atualizado em 25/05/2023, às 21:14
    Foto: Shutterstock

    Com a vacinação contra a covid-19 em crianças (os adolescentes já vinham sendo imunizados há algum tempo) em curso, surgiram dúvidas a respeito dos imunizantes: afinal, por que a dose pediátrica é menor? Isso quer dizer que a vacina é “forte demais” para crianças? E o intervalo das doses, por que é diferente do aplicado para adultos?

    Há respostas para tudo. Mas, antes, vale reforçar: a vacinação em crianças e adolescentes é segura, eficaz e garante uma proteção robusta contra as formas graves da covid-19. Além de estudos feitos pelas empresas fabricantes das vacinas, a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) já validou a vacinação entre crianças de 5 a 11 anos de idade.

    Mas, se ainda restam dúvidas da importância da vacinação neste grupo, vale dizer que, embora o vírus de fato não provoque tantos casos graves em crianças, isso não significa que eles não aconteçam.

    “É um grupo em que também existem mortes e sequelas, em proporção menor, mas ainda assim, existem”, afirma Marco Aurélio Sáfadi, professor adjunto e diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, presidente do departamento de Infectologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil. “E, se a vacina existe e é segura, por que negar esse benefício a eles?”, questiona.

    Além disso, vale dizer que, com a vacinação em adultos avançando, o vírus começa a ter dificuldades para circular entre os indivíduos imunizados – e passa a buscar pessoas que tenham menos defesas contra ele, no caso, as crianças que ainda não foram vacinadas.

    Prova disso é que diversos levantamentos estatísticos feitos no início de 2022 mostraram um aumento significativo de internações e mortes em crianças de 0 a 4 anos – justamente a faixa que não estava sendo imunizada.

    Qual a diferença da vacinação entre crianças e adultos?

    Para entender as diferenças na vacinação de crianças e adolescentes e adultos, precisamos voltar um pouco e falar sobre a formação do sistema imunológico.

    Se você tem filhos pequenos, sabe que eles ficam doentes com uma certa constância. E tudo bem! Isso é normal e esperado e faz parte da formação das defesas do organismo das crianças. Até os quatro anos, o sistema imune delas é bastante imaturo e ainda está aprendendo a se defender.

    Esse processo de formação vai seguir ativo até por volta dos 12 anos, quando o corpo já terá informações suficientes para produzir defesas eficazes para bloquear vírus e bactérias que tentem invadir o organismo.

    E é aí que entram as vacinas. Antes, as crianças ficavam vulneráveis a doenças que provocavam quadros graves de saúde ou deixavam sequelas importantes, como o sarampo, a poliomielite e a rubéola. Com a vacinação, foi possível criar uma forma de “exposição segura”, estimulando o sistema imunológico a criar anticorpos sem precisar esperar que a criança ficasse doente e corresse o risco de sofrer com um quadro mais severo.

    Por que a dosagem da vacina é menor?

    Foto: Shutterstock

    Ok, então, se o sistema imunológico das crianças e adolescentes é diferente, isso explica por que as doses das vacinas também não são as mesmas dos adultos. Correto? Não é bem assim.

    Na verdade, o que determina a dosagem de uma vacina e o intervalo dos reforços (se necessário), tanto em crianças como em adultos, são os resultados dos testes de segurança e efetividade realizados durante o desenvolvimento da vacina.

    Isso ocorre porque, como o sistema imunológico de crianças e adolescentes é diferente, é preciso checar qual é a melhor dose para eles – tanto em termos de eficácia como de segurança – e também o regime vacinal ideal (se são uma, duas ou mais aplicações e em qual intervalo de tempo).

    Nesse período, de acordo com Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), são experimentadas diversas dosagens para chegar a uma que seja capaz de criar uma boa resposta imunológica com efeitos colaterais mínimos.

    No caso do imunizante da Pfizer, por exemplo, a dose recomendada é, de fato, menor: 10 microgramas, ⅓ da dose usada em adultos, em crianças de 5 a 11 anos. O volume da aplicação também é reduzido: a seringa das crianças deverá conter 0,2 ml de líquido, e a segunda dose (reforço) deve ser aplicada após oito semanas.

    O mesmo não ocorre com a Coronavac, que recebeu sinal verde para aplicar a mesma dose de adultos – 0,5 ml (600 SU, ou “Sars-CoV-2 units”, unidade utilizada para demonstrar a quantidade de vírus naquela dose) – em em indivíduos de 6 a 17 anos. O intervalo para a aplicação de reforço também permanece o mesmo: 28 dias.

    Por que vacinar devemos vacinar as crianças?

    Foto: Shutterstock

    Como já dissemos, as vacinas contra a covid-19 são seguras e eficazes tanto para adultos como para crianças e adolescentes.

    Assim, a vacinação nesse público é fundamental para impedir que quadros graves da doença nesse grupo continuem aumentando e pressionando o sistema de saúde, além de evitar que crianças e adolescentes sofram com possíveis sequelas, também chamada de “covid longa”.

    Mas há também um outro motivo para reforçar a importância de se vacinar: a proteção coletiva, especificamente entre as crianças abaixo dos 5 anos, que ainda não podem se vacinar. “Mais pessoas imunizadas significa uma menor circulação do vírus”, afirma Kfouri, que também recomenda manter os cuidados – uso de máscara e higiene das mãos – mesmo após a vacinação.

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